quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

o clique

Não é raro passar muito tempo sem telefonar aos amigos que não encontro com frequência. Quando me justifico com a falta de tempo, custa-me a acreditar e oiço-me dizer "pois, pois... desculpa esfarrapada. Arranjamos sempre tempo para fazer aquilo que queremos e, afinal, um telefonemazinho faz-se (quase) em qualquer lugar". E fico envergonhada. Penso que sou a pior amiga do mundo, uma egoísta sem tempo para os outros e patati patata. No entanto, sei que isso não é verdade, mas perante a dificuldade em me perceber desisto de pensar no assunto.


Hoje deu-se o clique e consegui entender. Não deixo de telefonar por falta de tempo, mas por falta de tempo de qualidade. Sou incapaz de telefonar a um amigo que não vejo há dois meses enquanto faço as compras de supermercado ou quando viajo nos transportes públicos, enquanto espero que me atendam no restaurante ou quando disponho apenas de cinco minutos para conversar. Quando telefono a alguém com quem não me encontro frequentemente faço-o com a intenção de falar e de ouvir, de contar e saber as novidades e, também, trocar ideias. Faço-o com o objectivo de lhe dedicar algum do meu tempo. Em regime de exclusividade.


Além disso, também não gosto de me sentir um operário na linha de montagem e, por isso, não faço dois ou três telefonemas seguidos. Dou-me tempo para absorver o que partilhado.


Nesta situação, como em muitas outras, prefiro a qualidade à quantidade.



quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

E sobre o tema do momento


só tenho a acrescentar este esclarecimento linguístico:

Os termos presente e prenda usam-se indistintamente com o significado de oferta, mas há, efectivamente, uma certa diferença entre eles. Com a palavra presente queremos dizer que a nossa oferta é símbolo da nossa presença. Por meio da oferta dizemos que estamos presentes. E a verdade é que, quando nos ausentamos, o objecto que oferecemos faz com que sejamos lembrados, faz perdurar a nossa presença junto de quem o recebeu. Presente é um substantivo formado do adjectivo presente (do latim ‘praesente-‘). Com a palavra prenda queremos dizer que entregamos à pessoa algo que faz com que ela fique de algum modo mais enriquecida, possuidora de algo com valor (não forçosamente material) e ainda que nos sentimos penhorados, que aquilo que oferecemos é uma garantia do nosso carinho, da nossa amizade, ou mesmo do nosso agradecimento, ou que é uma recompensa, um prémio. Esta palavra provém do latim ‘pignora-’ (= refém)

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Adenda ao post de dia 19

Onde se lê "estes motivos natalícios..." deve ler-se "estes motivos alusivos ao Ano Novo..."

PS: É a isto que se chama "reutilizar" :)


quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Natal é...


... o momento de fazer as malas e ocupar, por uns dias, o sofá da mamã.



terça-feira, 21 de dezembro de 2010

(des)temperamentos

Não me venham com aquela conversa de "Fulano ou sicrano tem um temperamento difícil (eufemismo para é uma besta intratável), mas desculpamo-lo porque é muito bom profissional". Desde quando é que o profissionalismo e a arrogância têm de vir no mesmo pacote?
Não espero que toda a gente seja um doce, nem sequer aprecio excessos de simpatia, peço apenas que todas as pessoas tratem os outros como pessoas que lhes merecem respeito, sem parecer que lhes estão a fazer um grande favor por lhes dirigirem a palavra, e que falem em vez de lançarem farpas sem sentido em todas as direcções. Simples, parece-me.
Sim, fulano ou sicrano, apesar de ser insuportável, pode até ser um bom profissional, mas seria, certamente, bem melhor se estivesse mais disponível para os outros e para partilhar saberes e experiências. Os repelentes devem ser usados com moderação.

domingo, 19 de dezembro de 2010

Estes motivos natalícios que pairam pelo blogue





servem apenas para provar que, por vezes, sou muito dada à piroseira (ou direi antes ao
kitsch?)






sábado, 18 de dezembro de 2010

Há séries e séries

e esta vale mesmo a pena.


sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

jantar com quem?

Nos últimos dias (e adivinho que nos próximos também), de forma mais ou mais secreta, toda a gente se queixa dos jantares de Natal organizados pela empresa ou local onde trabalha: são uma treta, atura-se o chefe e os imbecis dos colegas, as conversas e o divertimento são artificiais, trocam-se prendas compradas nas lojas dos chineses, é preciso fingir que se achou piada à piroseira oferecida pelo amigo secreto e mais umas quantas coisas que agora não me estão a ocorrer.
Mas quem vai a esses jantares? Os colegas. Os mesmos com quem se trabalha diariamente. Ou seja, previamente, já se deverá saber se se tem vontade, ou não, de passar uma parte do tempo livre com aquelas pessoas.
Penso que será fácil deduzir que quem acha esses jantares horríveis é porque não quer passar mais tempo com os colegas. Então, vai ao jantar porquê? Não deverá pensar se vale a pena?

Para ajudar a tomar a decisão mais acertada, basta responder a estas perguntas:

1. Gosta de passar tempo com os seus colegas?

Sim Então, vá ao jantar sem preconceitos e divirta-se.
Não Responda à questão nº. 2.

2. Nas funções a desempenhar consta a participação em encontros sociais com os colegas em horário pós-laboral?

Sim - Então, vá. Ossos do ofício.
Não – Responda à questão nº. 3.

3. Quer dar graxar ao chefe para ter uma melhor avaliação e/ou mais oportunidades de progressão?

Sim - Então, vá. Vida de engraxador é difícil.
Não – Não pense mais nessa treta de jantar. Use o tempo livre para fazer aquilo que lhe dá na real gana.

Educação (?!)

A mãe de um miúdo de doze anos confidenciou-me que, não tendo possibilidade económica de comprar umas botas Timberland, comprou uma imitação na feira, pediu a uma vizinha que trabalha num centro comercial que lhe trouxesse um saco da marca e surpreendeu o filho oferecendo-lhe as botas que ele queria. Perguntei-lhe se não teria sido preferível explicar-lhe que o orçamento familiar não permite que se comprem botas de 120 euros, havendo outras mais baratas que também são boas e bonitas. Disse-me que não, nem pensar. Não quer que o miúdo saiba que têm dificuldades económicas; quando crescer vai ter muito tempo para saber que a vida é dura. Ok... Se calhar a minha insensibilidade e incapacidade para perceber estes princípios educativos deve-se ao facto de não ter filhos.
Neste momento, o miúdo anda feliz da vida e, constantemente, goza com os colegas que, coitados, são pobres e não têm botas de marca.
Ah! É verdade: já colocou uma fotografia das ditas no Facebook.

falando do tempo...



A minha relação com a meteorologia é... inexistente. Exceptuando os dias em que fico encharcada até ao tutano e tenho de passar assim o dia, estou-me absolutamente nas tintas para as condições atmosféricas e, na maior parte das vezes, quando a minha mãe (que consegue passar dez ou quinze minutos a descrever-me a forma e tonalidade das nuvens, a temperatura, a força do vento, a quantidade de água que caiu ao longo do dia) me pergunta ao telefone “então, como esteve o dia por aí?” eu nem sei responder e digo o que me ocorrer no momento.
Não, não trabalho em casa, não me desloco diariamente de carro, não tenho ar condicionado em casa nem no emprego. Trabalho a uma distância de cerca de 35 a 40 minutos, que faço usando transportes públicos e a pé, e quando consigo trabalhar numa sala que tenha todas as janelas em condições e portas que fechem já é uma sorte. Apenas não tenho qualquer obsessão pelo clima. É simples.



terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Piropos



“- Tem lume?
- Não. Não fumo...
- Eu também não. Antes assim. Ia começar a fumar por sua causa...”


José Eduardo Agualusa, As Mulheres do Meu Pai






domingo, 12 de dezembro de 2010

Ai... estes fins-de-semana cheios de glamour...

Roy Lichtenstein - Washing Machine

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Não consegui manter-me imune à loucura das compras


... mas uma viagem para Bruxelas (exactamente no fim de Janeiro, quando eu pretendia passar um fim-de-semana fora) a 3 euros pareceu-me irrecusável!




a inveja tem sexo



Numa conversa ocasional, com homens, afirmo que o Ferrari não me seduz de todo e que não é um carro que eu ambicione conduzir. Eles lamentam a minha falta de gosto e a conversa continua a fluir alegremente.
Numa outra conversa entre mulheres, confesso que não gosto da carteira Chanel 2.55, acho-a feia e sem graça. Olhares de horror recaem sobre mim, a conversa termina abruptamente e pouco depois, quando me afasto, alguém sussurra que tenho é inveja.

domingo, 5 de dezembro de 2010

as pessoas sensíveis do século XXI



as pessoas sensíveis do século XXI…
… interpretam sentimentos escondidos em textos rebuscados, mas não entendem as palavras que lhes são ditas directamente...
… comovem-se com os heróis dos romances e dos filmes que vêem no cinema ou com as personagens de blogues ou “facebookianas”, mas ignoram as pessoas com quem partilham os dias e a vida…
… adoram animais perdoando-lhes todos os caprichos, mas gritam às pessoas de quem dizem gostar quando são contrariadas...
… comovem-se com as campanhas de solidariedade nacional e internacional e participam em cadeias de generosidade, mas negligenciam as pessoas necessitadas do seu bairro…
… partilham todos os momentos com os amigos virtuais, mas não têm tempo para conviver com os amigos e familiares.