segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Toda a verdade sobre a saída de casa dos pais e sobre o mercado de arrendamento



Saímos de casa dos pais com 18 anos e, desde então, só lá voltamos alguns fins-de-semana ou passamos alguns dias de férias. Que fantásticas que nós somos! Orgulhamo-nos da nossa independência e até olhamos com algum desprezo para aqueles que não se atrevem a prescindir do conforto do lar parental – “Meninos da mamã,bah!”
Mas, na realidade, e ao contrário do que se vê nos filmes, nem sempre encontramos aquele apartamento relativamente bem localizado, com mobiliário de base apresentável e onde basta colocarmos aquele candeeiro que conseguimos a bom preço na Feira da Ladra (ou comprámos na IKEA) e os posters vintage que trouxemos de Paris para ficar com a nossa cara.
Muitas vezes (quase sempre?) a casa que se arrenda tem os móveis abandonados pelo casal de septuagenários que é proprietário do imóvel. Quantas vezes tive a companhia de simpáticos bichos da madeira que trabalhavam de dia e de noite e me embalavam ao ritmo da sua lida? Também não é raro hesitarmos em levar para o nosso “lar” alguns dos nossos livros mais estimados porque a sua destruição pela humidade é uma ameaça real e muito presente. E não falemos de conforto, ok? Não falemos...
E quanto às casas partilhadas? Bem... a nossa colega nem sempre é uma miúda gira e bem-disposta (como nós!) com quem organizamos sessões de cinema ou com quem fazemos animadas patuscadas. Às vezes, temos de lidar com o mau-humor, o mau feitio ou, simplesmente, com a amargura de quem não está satisfeito com o que tem e decide que os maus momentos (e apenas esses) devem ser contagiantes.
Também podemos ter como flatmate uma mãe de família cujos petizes passam a vida à pancada e agarrados à PlayStation, não permitindo um minuto de silêncio. Ou com uma aspirante a mulher fatal que nos leva a ter as esposas dos maridos assediados à porta, prontas a mostrar toda a sua indignação.
E por que razão não nos mudamos para uma casa melhor? Com melhores condições, em melhor companhia... Porque nem sempre o orçamento o permite e porque nem sempre há oferta. Exactamente. As situações mais graves são aquelas em que, de facto, não há outras opções, pois, ao contrário do que muita gente pensa, nem todos os jovens com pretensões de independência vivem em Lisboa (pasme-se!). Tal como nem todos os empregos se conseguem em grandes cidades. E, por vezes, conseguir uma das três ou quatro casas existentes para arrendamento é uma grande sorte.
Olhando para trás, no conforto do meu sofá (escolhido por mim), na minha sala(que ainda estou a decorar), muitas das situações que, no momento, foram difíceis e me deixaram com os cabelos em pé me parecem, agora, divertidas e tenho a certeza de que me serviram para aprendizagem.
No entanto, pergunto-me: teremos assim tanta razão quando condenamos aqueles que optam por se demorar na casa dos pais enquanto aguardam por dias melhores?




Somewhere

Algures... Algures gostava que tivesse havido alguma coisa neste filme que tivesse a capacidade de me prender e de não me levar a contar os minutos que faltavam para terminar.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Missão cumprida


E no ano da graça de dois mil e onze, pelas vinte e três horas e quatro minutos do dia vinte e sete de Fevereiro, Descalça concretiza o objectivo de ver os dez filmes nomeados na categoria de melhor filme antes da cerimónia de entrega dos Óscares.
Para objectivo não é grande coisa? Pois.. talvez não, mas nem todos os objectivos têm de ser grandiosos.

Preferências, em jeito de SMS (sem qualquer autoridade cinematográfica e sem um pingo de imparcialidade)


FILME:
’127 Horas’
‘The Fighter – Último Round’
‘O Discurso do Rei’

REALIZADOR:
Darren Aronofsky - ‘Cisne Negro’

ACTOR PRINCIPAL:
Colin Firth - ‘O Discurso do Rei’
James Franco - ’127 Horas’

ACTRIZ PRINCIPAL:
Natalie Portman - ‘Cisne Negro’
Jennifer Lawrence - ‘Winter’s Bone’

ACTOR SECUNDÁRIO:
Christian Bale - ‘The Fighter – Último Round’

ACTRIZ SECUNDÁRIA:
Helena Bonham Carter - ‘O Discurso do Rei’
Melissa Leo - ‘The Fighter – Último Round’

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

É imperativo



Abandonar a esplanada e fazer-me à pista para peões.


quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Cru. Tão cru que até dói.

Como eu gosto.

Desaconselhado a românticos patológicos e outros utópicos que acreditam em príncipes e princesas encantados. (a menos que pretendam iniciar uma cura, claro.)

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

A minha nova parceira de trabalho é uma vaca

e chama-se Carlota Joana.

Espero que não faça como a sua antecessora, que desapareceu, sem deixar rasto, levando-me uma grande quantidade de documentos importantes.
Foto da Carlota Joana

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

A galinha da vizinha não é sempre melhor do que a minha

Hoje, junto do metro, fui abordada por uma senhora que me perguntou se eu queria uma empregada doméstica. Depois de declinar a oferta (mantendo-me a única mulher portuguesa com um vencimento acima do ordenado mínimo que não tem empregada) olhei-me de alto a baixo para ver se se notaria muito que mais umas mãozinhas lá em casa me dariam muito jeito: a roupa estava limpa e engomada, as botas devidamente engraxadas; o meu brushing estava perfeito e eu ligeiramente maquilhada (estes dois últimos aspectos não se verificam diariamente). Estranhamente, hoje nem tinha olheiras ou um ar cansado. Deduzo, por isso, que a oferta não foi uma tentativa de me ajudar por estar com um ar estafado e desmazelado, mas sim uma procura activa de alguém que precisa de pagar as contas. No que me diz respeito, senti-me aliviada e, amanhã às 6h50, lembrar-me-ei de não refilar quando tiver de me levantar para enfrentar mais uma jornada.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

50% - 50%

(Melhor filme)

E a dez dias da cerimónia da entrega dos óscares, em termos de
visionamento, estou assim:



- Cisne Negro
- Os Miúdos Estão Bem
- O Discurso do Rei
- A Rede Social
- Toy Story 3





- Indomável

- Winter’s Bone - Despojos de Inverno
- 127 Horas
- The Fighter - Último Round
- A Origem

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

A todos aqueles que hoje tentaram converter-me à sua causa


Não tenho nada contra os que defendem que a comemoração do dia de S. Valentim é um apelo ao consumismo e/ou um comportamento de saloios.
Não tenho nada contra os que dizem que este dia deve ser vivido com paixão, muitos corações, rosas vermelhas e declarações mais ou menos lamechas.
Não tenho nada contra os que aceitam a comemoração, mas só se for feita com muita criatividade (seja lá isso o que for) e glamour.
Não sei se há outro grupo, mas se houver também não tenho nada contra eles. Afinal, se é o dia dos namorados, a comemoração ou a ausência dela diz respeito ao casal e não ao povinho todo.
Mas, por favor, não aproveitem esta minha tolerância (ou falta de posição, pode ser) para me tentarem vender os vossos argumentos e conseguirem mais uma seguidora da vossa causa. Eu acredito piamente que não é necessário ter uma opinião formada sobre tudo e sobre todos. E este é mesmo um daqueles assuntos que não me aquece nem me arrefece, tal como este é um dia que vou comemorando, ou não, de acordo com a disponibilidade, vontade... e outras .... "ades"...

domingo, 13 de fevereiro de 2011

O senhor Henri

Do Gonçalo M. Tavares conheço muito pouco, mas ao ler O Senhor Henri, que me está a divertir imenso, não consigo deixar de imaginar qualquer professora de Língua Portuguesa, de caneta em riste, a anotar "Texto muito repetitivo. É necessário fazer algumas substituições. Excesso de parágrafos... e patati patata..."
1ª conclusão: tudo tem o seu tempo;
2ª conclusão: o estilo não é para todos;
3ª conclusão (e, para mim, a mais importante): encontrar o equilíbrio entre a transmissão de normas e a liberdade criativa é fundamental.



"O senhor Henri disse: a estatística foi inventada em Londres em 1662.
... antes também existiam acasos e repetições, mas ninguém os via.
O senhor Henri coçou depois a barriga com o dedo indicador da mão direita.
O senhor Henri tinha umas calças pretas que não chegavam aos sapatos.
O senhor Henri tinha uns sapatos castanhos antigos. E estes, vindos de baixo, também não chegavam às calças.
Uma admirável coincidência – disse o senhor Henri, ao mesmo tempo que recordava a importância da estatística inventada em Londres em 1662."
O Senhor Henri, Gonçalo M. Tavares

sábado, 5 de fevereiro de 2011

considerações toponímicas

Francamente, não consigo ter motivação para ir a um restaurante que se auto-intitula Plano B.