sábado, 31 de dezembro de 2011

fui aos saldos e safei-me




Era uma vez um casaco que eu tinha andado a namoriscar, mas que não encaixava muito bem no meu orçamento. Quando soube que os saldos tinham começado, fui propositadamente  à loja procurá-lo. Encontrei-o com 50% de desconto e ainda havia um exemplar no meu número. Confirmámos que o universo conspirava a nosso favor e viemos juntos para casa, onde pretendemos ser muito felizes. Fim.

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

conjunto de conjunções coordenativas copulativas provoca locução coordenativa conclusiva


Bem sei que tive uns dias de férias, mas também tive o Natal e a família. E horas sentada à volta de uma mesa ou passadas em viagens. E antes e depois do Natal tive remodelações em casa. E roupa que, provavelmente desde setembro, esperava pela oportunidade de ser lavada e arrumada. E tive receitas para procurar e confecionar. E conversas saborosas em volta dos resultados.
E tive documentos e outra papelada que se acumulavam havia algumas semanas e que era urgente organizar. E por todo o lado encontro post-its com ideias de materiais para construir e trabalhos e projetos que devo delinear, pois  quero iniciá-los já em janeiro. E tenho artigos do curso para ler e também trabalhos para avaliação que devo começar a redigir. E tinha o Jonathan Franzen para terminar e filmes que quero ver.
E quero tempo para mim. Tempo que apenas existe. Sem marcações, nem agenda.
Às vezes parece mal querer ter tempo para poder não fazer nada com ele. O que fica bem é olhar para a agenda preenchida e fazer um ar aflito "Oh! estou tão ocupada" para logo a seguir acrescentar, com um sorriso condescendente "mas ainda arranjo aqui um tempinho!"
Não sei se foi a infância na planície ou os muitos anos a viver sozinha, mas mais do que qualquer outra coisa, muitas vezes, do que eu preciso mesmo é desse tempo, o tempo literalmente livre. Por isso, mais uma vez, houve telefonemas que ficaram por fazer. Encontros e cafés que serão marcados num próximo fim de semana. 

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

provavelmente o último post fashion de 2011 (e talvez também o primeiro)


A técnica da cebola é muito boa. É mesmo. Mas não há bela sem senão e o que eu gostava  verdadeiramente de saber é o que é que fazemos à cascas que vamos largando quando não andamos com uma mochila ou um malão, perdão uma XL Bag (voilà!). É que eu sou especialista em deixar pedaços de mim pelos sítios por onde passo e corro o sério risco de ficar com os armários vazios em pouco mais de uma semana.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

E dizem que sim, que já chegou o Natal

Andy Warhol - Christmas Tree

decisão de 5ª feira à tarde



Esta decisão seria boa para iniciar uma daqueles listas de boas intenções para o novo ano, mas nunca as cumpro e tenho alguma urgência em colocar isto em prática, por isso, aqui vai: 
a partir da próxima hora, vou dedicar menos tempo a acumular filmes que quero ver e dedicar mais tempo a vê-los.

Se resultar, pensarei numa adaptação a aplicar aos livros, embora a situação esteja muito mais controlada. Mas uma coisa de cada vez.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

treinadores de bancada



Muitos dos que se indignaram com o apelo à emigração feito pelo primeiro-ministro são os mesmos que, no café, gostam de dizer que esta malta nova não quer trabalhar, quer é ter um emprego, que quem quer trabalhar, trabalha e que a Maria, a empregada lá de casa, faz limpezas durante o dia, à noite trabalha num call center e nos fins de semana ainda vai trabalhar num supermercado. E rematam, do alto da sua sabedoria, afirmando que "não há falta de trabalho, o que há é falta de quem queira trabalhar!"
Também conheço quem acredite que por ser "doutor" merece encontrar o trabalho ideal, de preferência na mesma rua, para não gastar tempo e dinheiro em transportes... 
Mas acredito, sobretudo, que cada um sabe de si. E acredito na capacidade que cada pessoa tem de decidir, num determinado momento, o que é prioritário: trabalhar na profissão que a faz feliz, mesmo que seja noutro continente, ou ficar junto da família e amigos,  trabalhando noutra área.. ou sem trabalhar? Desdobrar-se em 4 ou 5 empregos e ter algum conforto financeiro, embora fique sem tempo para viver, ou ter mais tempo e menos dinheiro? Limitar-se às ofertas do mercado ou correr o risco de  criar o seu próprio projeto?
São verdades de La Palisse, mas há quem se esqueça de que o que é bom para uns é péssimo para outros, que o que parece perfeito num momento específico é absolutamente impensável noutra ocasião.
E não acreditar que pessoas adultas têm capacidade para avaliar e decidir e que, por isso, o Passos Coelho ou o Zé da Tasca da Esquina é que sabem o que é certo para todos, é dar-lhes muito pouco valor.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

no início do século passado era assim...


A minha avó, nascida em 1908,  não concebia a hipótese de haver uma mulher solteira na família. Se uma mulher ficasse solteira isso significava que era uma mulher “falada”, uma vergonha, portanto. Para garantir que não se via a braços com essa  situação  tentava ensinar as filhas e as netas mais velhas a lidar com os homens (com pouco sucesso, diga-se em abono da verdade).
Lembro-me de ouvi-la aconselhar a minha irmã: “Filha, nós temos de fazê-los acreditar que têm sempre razão, que são sempre eles que têm as ideias e que decidem tudo. Mesmo quando não concordamos, dizemos que sim e tentamos, a pouco e pouco e de forma muito discreta, levá-los a fazer o que nós queremos. E, enquanto falamos, é preciso cuidado, se vemos que eles estão a ficar irritados com o que dizemos, ficamos caladas e deixamos que sejam eles a orientar a conversa. Não devemos aborrecê-los com as nossas coisas porque senão começam a vir tarde para casa e um homem na rua... nunca se saber...”
Se ainda vivesse, a minha avó teria mais de 100 anos e, certamente, ainda pensaria da mesma forma. Surpreendentemente, alguns jovens jovens de trinta e poucos também.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

contributo para uma definição do conceito de anonimato na blogosfera


Se a lili das pantufas, que tem um blogue onde mostra as unhas dos pés e as pontas do cabelo, faz um comentário pouco simpático num outro blogue, toda a gente defende que está a dar a cara (!) e a assumir o que pensa. Por outro lado,  se a Maria Albertina de Albuquerque Fonseca e Castro, que não tem blogue, mas que envia o comentário devidamente identificado a partir do email pessoal e profissional (que consta dos contactos de 90% da população letrada informaticamente), fizer o mesmo comentário é uma anónima invejosa que se esconde atrás do anonimato (!).


quinta-feira, 1 de dezembro de 2011