quarta-feira, 23 de maio de 2012

à terceira vez, isto começa a parecer-me uma regra das vendas na internet





A situação desenvolve-se da seguinte forma: eu quero vender determinado objeto e coloco-o num site de vendas online. Sou contactada, via email, por alguém que mostra muito interesse. Essa pessoa quer mais detalhes, quer acertar pormenores da venda, etc..  e eu respondo a todas as perguntas. Pede-me o número de telefone.
Num período de duas ou três horas, envia mais um ou dois mails a renovar o pedido do número de telefone, para um contacto mais imediato. Envio o número de telefone.
E acaba aqui.
Em poucas semanas, aconteceu três vezes, com pessoas (ou emails) diferentes e com dois produtos também distintos.
Será uma espécie de machismo aplicado ao consumo? Os compradores pensarão que dar o número de telefone é sinal de que se trata de uma venda fácil? 




quinta-feira, 17 de maio de 2012

constância – peça em três atos e um epílogo



(Monólogo interior)

às 9h00

Estou cansada. Tanto trabalho, nem sei por onde começar. Meu querido mês de agosto, por onde andas? No próximo ano vou ter juízo. Preciso de tempo para dormir, ler ficção, voltar às aulas de guitarra, contemplar os transeuntes, descobrir aldeias e lugarejos escondidos, caminhar, aperfeiçoar o meu inglês.

às 9h20

O quê? Abriram as candidaturas para doutoramento? Ainda tenho um mês para preparar a candidatura? Tenho de conseguir arranjar um espaço para fazer isso. Tem de ser agora. Estou a fervilhar de ideias, não quero perder o entusiasmo. Descanso em agosto e em outubro já estou pronta para recomeçar.


às 9h45

Estou cansada. No próximo ano vou ter juízo. Preciso de tempo para dormir, ler ficção, voltar às aulas de guitarra, contemplar os transeuntes, descobrir aldeias e lugarejos escondidos, caminhar, aperfeiçoar o meu inglês.
Um ano para reflexão vai ajudar-me a elaborar um projeto com pés e cabeça.

às 9h47

Mas não perderei o entusiasmo?
Voltar ao início.


sexta-feira, 11 de maio de 2012

quem nasceu para burro, nunca chega a cavalo



Não sou uma deslumbradinha com novas tendências ou com cosméticos que prometem mundos e fundos, mas, como também não possuo uma inteligência superior à do comum dos mortais, de vez em quando lá me deixo levar por uma ou outra maravilha. A publicidade feita aos BB Creams convenceu-me. A ideia de ter um simples cremezinho que hidrata, protege, dá cor e patati patata  pareceu-me tentadora. Decidi-me pelo da Estée Lauder, que estou a usar há cincou ou seis dias. Resultados? Tenho, neste momento, quatro borbulhas. Um número superior à minha média anual, desde os 15 anos. Mantenho a esperança de que seja uma reação passageira e necessária e que nos próximos dias os resultados  me façam esquecer desta etapa.

domingo, 6 de maio de 2012

definição pessoal de "fim de semana"



Período de 48 horas em que existe mais tempo disponível para poder trabalhar.



quarta-feira, 2 de maio de 2012

amigas não de sempre, mas para sempre


Quando eu era adolescente, era quase obrigatório ter um livro de autógrafos com lindas dedicatórias dos amigos, inimigos, conhecidos ou desconhecidos. Na realidade quem se desse ao trabalho de ler as várias páginas rabiscadas não saberia distinguir uns dos outros, pois todas as dedicatórias eram igualmente afetuosas e reveladoras de sentimentos de amizade eternos. O funcionamento era  o seguinte: quem estivesse com uma caneta na mão e disposto a autografar recebia todos os livros de autógrafos das redondezas e depois era levar essa tarefa toda a eito. Eu, já nessa altura, nutria um particular desagrado pela expressão “da tua amiga não de sempre, mas para sempre”. Que nervos que me dava! Nunca tínhamos sido amigas e agora íamos ser amigas para sempre? Só por causa de umas palavritas naquele livro? Muitas vezes, eu comprovava que a minha teoria estava certa logo no intervalo seguinte.

Lembrei-me desta situação por outra que é, em certa medida, diferente. Por vezes, aparecem-nos  pessoas que vêm imbuídas desse espírito de amizade eterna e decidem, unilateralmente, que temos mesmo de ser amigas inseparáveis. A tempo inteiro. E então, de repente, marcam cafezinhos, cinemas e outros que tais. Disponibilizam-se para nos ajudarem a fazer aqueles bolinhos, molho bechamel  ou alheira à moda de Mirandela, decidem em que momentos podemos caminhar juntas pelo jardim ou qual o ginásio que devemos frequentar e consideram que a sua presença é essencial nas 24 horas do nosso dia. Mas não é. Podem ser pessoas queridas, com quem gostamos de conversar um pouco e, uma vez ou outra, beber o tal café, mas não partilhamos o mesmo entusiasmo e ansiedade pelos momentos em conjunto. E, sobretudo, não sentimos necessidade de passar com elas todos os momentos de lazer de que dispomos.  Eu tenho a certeza de que há mais pessoas a serem “perseguidas” desta forma, mas dizê-lo não é, de facto, socialmente correto.







Freud explica?



Hoje tenho uma reunião à qual pretendia faltar porque tenho uma aula, que me interessa bastante, na universidade. 
A reunião deixou de ter um caráter obrigatório (não haverá marcação de faltas) e passou a ser um encontro de trabalho. 
Vou faltar à aula da universidade para estar, voluntariamente, presente na reunião.

terça-feira, 1 de maio de 2012

Factor de despiste


Não quero ter por perto as pessoas que hoje acorreram a determinada rede de hipermercados, considerando que estavam a ser agraciadas com uma pechincha imperdível.
E, por favor, estabelecer comparações com médicos, polícias e afins apenas vos imbeciliza mais. Sigam, juntamente com o vosso umbigo e o porta-moedas,  esse caminho (que, acredito,  não vos levará a lugar nenhum).