segunda-feira, 20 de setembro de 2010

A ausência de televisão explicada às crianças e ao povo



Muito raramente vejo televisão. O aparelho televisivo cá de casa passa várias semanas sem ser ligado. Não faço ideia de qual é a programação televisiva das várias estações. Não sei quais são, neste momento, os programas ou apresentadores da moda, quais os concorrentes adorados ou odiados e quando assisto a discussões inflamadas em defesa de fulano ou sicrano, do programa x ou y, desligo completamente e nem escuto os argumentos invocados.
Quando, casualmente, revelo este facto as crianças e adolescentes consideram-me uma E.T. e passam a olhar-me de forma estranha, já os adultos julgam-me pedante. E afinal, eu apenas não vejo televisão. Eu não digo que os programas televisivos são maus, que a televisão promove a ignorância, que me ocupo com actividades de maior relevância ou de maior riqueza intelectual. O que acontece é que, e ao contrário de muita gente, eu não sinto qualquer necessidade de ligar a TV para me sentir acompanhada, aliás, o barulho duma conversa que não estou a acompanhar incomoda-me. Sempre que tenho a possibilidade de escolher, opto por almoçar ou jantar num local em que não haja uma televisão aos berros. Além disso, em casa, apenas tenho um televisor na sala, que é também o local onde passo menos tempo, e quando lá estou aproveito-o para conversar, namorar ou assistir a um filme (ou tudo em simultâneo).
Em suma, se calhar não vejo televisão porque sou pobre. Porque tenho de trabalhar. Porque me falta o tempo. Tudo razões que não me dão qualquer superioridade intelectual sobre aqueles que passam, diariamente, três ou quatro horas diante de um televisor.