quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

treinadores de bancada



Muitos dos que se indignaram com o apelo à emigração feito pelo primeiro-ministro são os mesmos que, no café, gostam de dizer que esta malta nova não quer trabalhar, quer é ter um emprego, que quem quer trabalhar, trabalha e que a Maria, a empregada lá de casa, faz limpezas durante o dia, à noite trabalha num call center e nos fins de semana ainda vai trabalhar num supermercado. E rematam, do alto da sua sabedoria, afirmando que "não há falta de trabalho, o que há é falta de quem queira trabalhar!"
Também conheço quem acredite que por ser "doutor" merece encontrar o trabalho ideal, de preferência na mesma rua, para não gastar tempo e dinheiro em transportes... 
Mas acredito, sobretudo, que cada um sabe de si. E acredito na capacidade que cada pessoa tem de decidir, num determinado momento, o que é prioritário: trabalhar na profissão que a faz feliz, mesmo que seja noutro continente, ou ficar junto da família e amigos,  trabalhando noutra área.. ou sem trabalhar? Desdobrar-se em 4 ou 5 empregos e ter algum conforto financeiro, embora fique sem tempo para viver, ou ter mais tempo e menos dinheiro? Limitar-se às ofertas do mercado ou correr o risco de  criar o seu próprio projeto?
São verdades de La Palisse, mas há quem se esqueça de que o que é bom para uns é péssimo para outros, que o que parece perfeito num momento específico é absolutamente impensável noutra ocasião.
E não acreditar que pessoas adultas têm capacidade para avaliar e decidir e que, por isso, o Passos Coelho ou o Zé da Tasca da Esquina é que sabem o que é certo para todos, é dar-lhes muito pouco valor.