Há pessoas com quem nos cruzamos na escadaria do prédio, no
metro ou na cafetaria da esquina que acham que sim senhor, o governo faz muito
bem em despedir professores e que aumentar o número de alunos por turma,
eliminar disciplinas e ofertas formativas são ideias muito boas porque “quando
eles querem aprender, aprendem”. São pessoas que também consideram... Não, não
consideram. Acham. Estas pessoas, geralmente, acham tudo. São pessoas que acham que fechar serviços de
urgências também não faz mal nenhum, porque há muitos serviços de urgências a
funcionar. E, cá para mim, no seu íntimo
devem pensar que se alguém morrer antes de conseguir ser atendido pode ser um
funcionário público, um desempregado ou um velho reformado (já se sabe que as pessoas que trabalham não
têm tempo para essas coisas) e sempre é menos um ordenado, subsídio ou reforma a
pagar. E eu ando a ficar mesmo muito triste. Porque do governo eu não espero
nada há muito tempo, mas das pessoas que todos os dias se esforçam para fazer
alguma coisa e que vivem do seu trabalho, sem cunhas e benesses, esperava muito
mais.