quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Tragicomédia em dois actos



Personagens: aluna, professora, director de turma, encarregada de educação.

Acto I

17h20m. Sala de aula.

A aluna afirma não ter telemóvel, mas, alguns minutos mais tarde, é apanhada a enviar mensagens. Após alguma resistência, a professora retira-lhe o telemóvel e entrega-o ao director de turma que informa, telefonicamente, a encarregada de educação. A mãe, detentora de cordas vocais invejáveis, mostra desagrado pela atitude da professora e do director de turma e avisa que, apesar de no corrente ano lectivo nunca ter tido tempo para ir à escola, estará na escola na manhã seguinte para reaver o telemóvel.

Acto II

08h20m. Porta da escola.

Gritaria, ameaças, insultos. Mensagem transmitida: a filha é dona do telemóvel e pode usá-lo quando e onde entender, ninguém tem nada a ver com isso. São rogadas pragas à professora, ao director de turma e às respectivas famílias até à terceira geração.

Epílogo provável

Num gabinete longínquo, afastado de tudo e de todos, um psicólogo americano observa o caso através da sua vasta experiência em estudos de caso no papel e afirma, num monólogo que durará ad eternum, que nesta peça existe uma personagem maquiavélica, insensível e irresponsável: a professora, que conta com a cumplicidade do director de turma, personagem também caracterizada por um desequilíbrio comportamental e desajustado da sociedade.


Peça em cena no palco de uma escola bem perto de si. Assisti à antestreia.