segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Dos prazos de validade

Há cerca de três ou quatro anos decidi abolir da minha vida as amizades com prazo de validade limitado. Decidi fazê-lo usando o método mais simples e menos falível: fechando a porta ao desenvolvimento de afectos que sei que, por razões contextuais, terão apenas uns meses de duração.
Como em todas as decisões, há a possibilidade de errar e de haver arrependimentos, e assim tem sido. Aliás, este processo é cíclico: em Setembro decido e em Julho arrependo-me da decisão anterior e substituo-a pela decisão de não insistir no mesmo erro.
Há na minha atitude um enorme egoísmo, uma preservação idiota e, talvez, injustificável. Creio que terei receio de dar mais de mim do que aquilo que recebo em troca, o que confirma, como sempre suspeitei, que o adjectivo “altruísta” não se me aplica de todo.
Sei que perco bastante quando uso este escudo. Perco muitas coisas que seriam muito positivas, mas perco também, e que não é de somenos importância, a possibilidade de me desiludir uma e outra vez até encarar as desilusões como parte integrante da vida e não como um bicho papão do qual nos devemos proteger.