segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

os mentirosos, esses malandros


Para quem pensa que a existência de mentirosos compulsivos é um mito urbano, lamento informar que existem mesmo. Sou testemunha. A minha melhor amiga de infância e início de adolescência era mentirosa compulsiva, mentia a propósito de coisas importantes ou completamente insignificantes, mentia aos adultos e às crianças, às pessoas de quem gostava e também às que detestava, mentia para se sobrevalorizar ou para se desvalorizar, umas vezes para parecer mais rica e/ou inteligente e outras vezes com o objectivo contrário, umas vezes para parecer aventureira e outras medricas, umas vezes para que gostassem dela e outras para que a desprezassem. Durante anos, nada disso abalava a nossa amizade. Éramos inseparáveis, eu sabia quando mentia e quando falava a verdade e gostava dela em ambas as situações. Aguentei ao seu lado a risada geral quando era apanhada nas suas patranhas, fiquei com ela quando não a convidavam para alguma festinha devido às suas mentiras. Quando começámos a frequentar o ensino secundário em escolas diferentes, comecei a questionar-me sobre a vercidade do que me contava. Natural e gradualmente, começámos a afastar-nos e neste momento apenas enviamos, por mail ou num telefonema breve, votos de feliz Natal ou feliz aniversário.
Tenho, actualmente, um colega de trabalho com quem simpatizo bastante e com quem me pareceu poder vir a estabelecer algo parecido com uma amizade, que também me parece mentiroso compulsivo. Já lhe detectei algumas mentiras e exactamente com as mesmas características que as da A. Verifico, contudo, que a minha boa vontade de infância desapareceu e não tenho qualquer interesse em voltar a ser amiga de um mentiroso compulsivo. Acho o Pinóquio muito engraçado, mas não ao ponto de sermos amiguinhos.