terça-feira, 5 de janeiro de 2010

pais e filhos



Entristecem-me as crianças e adolescentes que ficam embaraçados quando estão acompanhados dos pais. E entristecem-me por duas razões: em alguns casos, fico contrangida com os pais que não sabem ouvir nem perguntar, que demonstram ignorar o filho que têm e que apenas se dedicam a denegrir a sua imagem comparando-os negativamente com os irmãos ou os vizinhos, que relatam a história das misérias da família como justificação para a sua displicência, que atendem o telemóvel sem pedir licença e desatam a dizer palavrões sem respeitar a presença de terceiros.

Noutros casos, sinto-me incomodada quando vejo adolescentes que ficam envergonhados com o aspecto humilde dos pais, tão diferentes dos das séries e telenovelas que idolatram, que os recriminam quando pedem esclarecimentos sobre algum pormenor que desconhecem ou quando referem que fazem um grande sacrifício para que os filhos tenham o futuro que eles não conseguiram alcançar. Estes pais costumam ter um olhar embevecido para os seus filhos que sabem muito mais do que eles e, invertendo completamente os papéis, acabam por lhes obedecer e não questionar mais para não continuarem a envergonhar os seus prodigiosos rebentos.