segunda-feira, 2 de setembro de 2013

espelho meu, espelho meu

Aparentemente, muita gente pensa que quando uma mulher é abordada na rua por um energúmeno  com um "comia-te toda" ou "que lindas pernas, a que horas abrem?" deve sentir-se feliz porque está a receber um elogio.  Aparentemente, há quem pense que estas pérolas poéticas apenas são dirigidas a beldades e, como tal, as visadas devem sentir-se muito agradecidas e com o ego alimentado. 
Se fossem apenas homens a acreditar nesta imbecilidade a mim não me surpreenderia. Sim, eu sei que também há homens que recebem os tais piropos, mas com que regularidade? que tipo de piropo? também lhes fazem sentir que o decote da camisola serve apenas para que lhes elogiem as mamas? também lhes andam constantemente a propor fazer isto e aquilo? Não acredito muito. Voltando um pouco atrás, o que me surpreendeu, e de acordo com as caixas de comentários de jornais e as discussões no Facebook, é que há mulheres (e muitas!) que acreditam mesmo que são elogios. Que acham engraçado. Que acham que lhes faz bem ao ego. Mais: pensam estas mulheres e estes homens que as mulheres que consideram que ninguém tem o direito de as interpelar para lhes fazer comentários ou propostas, mais ou menos ordinárias, têm inveja. Claro, o argumento número um tinha de ser invocado. E que têm falta de sexo. Obviamente, o argumento número dois também tinha de vir à baila. 
Portanto, resumindo de forma muito breve o que se passa nessas cabecinhas: as mulheres que gostam de se arranjar como muito bem entendem, não querendo ouvir comentários de qualquer imbecil que se lembra de lhes dizer o que pensa das suas mamas ou que lhes fazia se pudesse são umas coitadas sem sexo e sem auto-estima. As que alimentam o ego com as bocas foleiras e as sugestões de qualquer baboso de meia tigela são muito felizes e têm sexo a rodos. Faz muito sentido, não faz? Pois....