Diz o ministro da educação do alto da sua
sapiência:
"Qualquer pessoa tem 90 dias para se apresentar num centro de emprego, não precisa ir no primeiro dia em que suspeita que pode vir a estar sem emprego". Talvez devesse acrescentar que
os desempregados só recebem o subsídio a partir do dia em que se dirigem ao
centro de emprego e tratam da papelada. Sim, têm 90 dias, mas….entretanto pagam as
contas com o quê?
"Não há atraso na publicação das listas, a colocação de professores tem um processo, são formadas as turmas, são conhecidos os professores, são conhecidas, este ano, as rescisões por mútuo acordo e, a partir dai, as vagas sobrantes são distribuídas num processo que termina, no essencial, antes da abertura do ano lectivo". Eu diria até que se o professor for colocado, sair de casa a correr e conseguir entrar na sala antes do toque de saída da última aula do dia, foi colocado atempadamente. Senhor ministro, há de facto um processo, mas, por favor, não diga disparates, pois ficam-lhe muito mal.
Os professores regressaram às escolas ontem.
Apresentaram-se nas escolas e, até ao início das aulas (entre 11 e 15 de
setembro) têm vários tipos de reuniões: geral, departamento, grupo disciplinar
ou conselho de docentes, grupos de trabalho, nomeadamente nos grupos de
elaboração de projeto educativo, regulamento interno, equipa de autoavaliação
e, talvez as mais importantes, conselhos de turma. Nestas reuniões recebem e
partilham informação fundamental para o trabalho a realizar, sobre as turmas
que irão lecionar, elaboraram planificações, testes diagnósticos e os primeiros
materiais a utilizar.
Neste ano letivo, os diretores não sabem quem são muitos
dos professores que vão ter nas suas escolas: há pedidos de rescisão que só
estão a ter a resposta esta semana, os professores que concorreram à mobilidade
interna ontem apresentaram-se na última escola em que trabalharam, mas ainda
não sabem em que escola irão trabalhar, os professores contratados aguardam que
todas as decisões sejam tomadas. Nas escolas, os diretores têm dificuldade em
distribuir o trabalho. Pelos vistos o ministro não sabe, mas existem alguns
critérios, nomeadamente a continuidade pedagógica, que costumam ser seguidos.
Mas sem as listas de colocação os diretores não podem ter a certeza de que
determinado professor vai continuar a trabalhar na escola, pelo que têm de
ponderar todas as hipóteses antes de distribuir o serviço.
Está tudo a decorrer conforme o planeado, diz o
ministro. Pois com certeza que sim. Não há datas, não há previsões, não há
qualquer compromisso… Quem se atreveria a duvidar de que está tudo a decorrer
conforme o planeado? O problema é que o imbecil que planeou não percebe nada do
trabalho que está a fazer e está a pôr em causa o trabalho que as escolas e os
professores já deviam estar efetivamente a planificar.