Bem sei que tive uns dias de férias, mas também tive o Natal e a família. E horas sentada à volta de uma mesa ou passadas em viagens. E antes e depois do Natal tive remodelações em casa. E roupa que, provavelmente desde setembro, esperava pela oportunidade de ser lavada e arrumada. E tive receitas para procurar e confecionar. E conversas saborosas em volta dos resultados.
E tive documentos e outra papelada que se acumulavam havia algumas semanas e que era urgente organizar. E por todo o lado encontro post-its com ideias de materiais para construir e trabalhos e projetos que devo delinear, pois quero iniciá-los já em janeiro. E tenho artigos do curso para ler e também trabalhos para avaliação que devo começar a redigir. E tinha o Jonathan Franzen para terminar e filmes que quero ver.
E quero tempo para mim. Tempo que apenas existe. Sem marcações, nem agenda.
Às vezes parece mal querer ter tempo para poder não fazer nada com ele. O que fica bem é olhar para a agenda preenchida e fazer um ar aflito "Oh! estou tão ocupada" para logo a seguir acrescentar, com um sorriso condescendente "mas ainda arranjo aqui um tempinho!"
Não sei se foi a infância na planície ou os muitos anos a viver sozinha, mas mais do que qualquer outra coisa, muitas vezes, do que eu preciso mesmo é desse tempo, o tempo literalmente livre. Por isso, mais uma vez, houve telefonemas que ficaram por fazer. Encontros e cafés que serão marcados num próximo fim de semana.