quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

no início do século passado era assim...


A minha avó, nascida em 1908,  não concebia a hipótese de haver uma mulher solteira na família. Se uma mulher ficasse solteira isso significava que era uma mulher “falada”, uma vergonha, portanto. Para garantir que não se via a braços com essa  situação  tentava ensinar as filhas e as netas mais velhas a lidar com os homens (com pouco sucesso, diga-se em abono da verdade).
Lembro-me de ouvi-la aconselhar a minha irmã: “Filha, nós temos de fazê-los acreditar que têm sempre razão, que são sempre eles que têm as ideias e que decidem tudo. Mesmo quando não concordamos, dizemos que sim e tentamos, a pouco e pouco e de forma muito discreta, levá-los a fazer o que nós queremos. E, enquanto falamos, é preciso cuidado, se vemos que eles estão a ficar irritados com o que dizemos, ficamos caladas e deixamos que sejam eles a orientar a conversa. Não devemos aborrecê-los com as nossas coisas porque senão começam a vir tarde para casa e um homem na rua... nunca se saber...”
Se ainda vivesse, a minha avó teria mais de 100 anos e, certamente, ainda pensaria da mesma forma. Surpreendentemente, alguns jovens jovens de trinta e poucos também.